Narcisismo
.É que Narciso acha feio aquilo que não é espelho.........
NARCISISMO – RESUMO
O termo narcisismo foi utilizado pela primeira vez por Freud em 1909 numa reunião docongresso psicanalítico de Viena.A partir do estudo da sexualidade infantil sabemos que a pulsão sexual encontra satisfaçãoparcial sem recorrer a um objeto externo – o auto-erotismo. Cronologicamente anterior á faseauto-erótica, na qual a pulsão perde seu objeto, há uma fase na qual a pulsão se satisfaz por apoio( anáclise) ou seja a relação das pulsões sexuais mantêm originalmente com as funçõesvitais que lhes fornecem uma fonte orgânica , uma direção e um objeto ( instinto). O modelodessa função somática é o da amamentação do lactente. Nesse momento o objeto não é oseio da mãe, mas o leite. É a ingestão do leite e não o sugar que satisfaz a fome da criança.Ao mesmo tempo que isto ocorre, ocorre também um processo paralelo de natureza sexual : aexcitação dos lábios e da língua pelo peito, produzindo uma satisfação que não é redutível àsaciedade alimentar, apesar de encontrar nela seu apoio.O objeto do instinto é o alimento, enquanto o objeto da pulsão sexual é o seio materno – umobjeto, portanto externo ao próprio corpo.Quando esse objeto é abandonado e tanto o objetivo quanto o objeto ganham autonomia comrespeito à alimentação, que se constrói o protótipo da sexualidade oral para Freud – o chupar o dedo. Tem início então o auto-erotismo. Desejo versus necessidade. O desejo se dirige não aum objeto real, mas a um fantasma. O que caracteriza o desejo para Freud é o impulso parareproduzir alucinatoriamente uma satisfação original, isto é, um retorno a algo que não é mais,a um objeto perdido, cuja presença é marcada pela falta.O movimento é o de repetir a experiência de satisfação e como esta foi obtida inicialmenteatravés do seio materno, a direção desse movimento é a do reencontro desse objeto, masesse reencontro é impossível. Há uma discrepância entre o objeto procurado e o objetoencontrado. A identidade perceptiva é impossível. A mãe ou a coisa-mãe, não é a coisa a ser encontrada, ela apenas ocupa o lugar da coisa. A busca tem como objeto um vazio, o
a
comovazio central em torno do qual forma-se a trama das representações.Não há objeto primeiro, no sentido de objeto absoluto, em relação ao qual os demais objetossão simples representações, isto é , cópias degradadas. O primeiro objeto já se constitui comouma representação marcada por um vazio central que impede que seja identificado com acoisa. Não há objeto pleno, seja ele o seio materno ou qualquer de seu representantes,qualquer experiência que se apresente como primeira, é a primeira apenascontingencialmente. Objeto primeiro e experiência primeira são primeiros apenas relação a umsegundo termo,sendo que ambos são contingentes e parciais. Neste sentido diz Lacan objetoperdido desde sempre.O auto-erotismo é um estado anárquico da sexualidade no qual as pulsões parciais procuramsatisfação no próprio corpo, uma satisfação não unificada, desarticulada em relação às demaissatisfações parciais, pura satisfação local. Não se trata de um corpo considerado um todo,sendo tomado como objeto de investimento libidinal, mas partes de um corpo vivido comofragmentado, sem unidade. Não há no auto-erotismo uma representação do corpo como umaunidade. O que nele falta é o eu, representaç~´ao complexa que o eu faz de si mesmo.Para o termo narcisismo, há que se admitir um eu, seja qual for a forma sob a qual ele éconcebido , e no auto-erotismo não há ainda um eu, o que há é pulsão satisfazendo-se auto-eroticamente no próprio corpo.
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